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Rocky Ballboa e o empreendedor brasileiro.




Sério! Não existe frase mais célebre ao dia dia do empreendedor brasileiro que essa.


A história de Rocky Balboa é uma lição para os empreendedores deste nosso querido Brasil e, isso não impacta questões regionais, em qualquer parte do território nacional existem empresários lutando - e apanhando muito - para manter seu negócio em pé, ou até mesmo tentando se reequilibrar e voltar após uma queda (falência).


Primeiro precisamos entender as questões de mortalidade empresarial no Brasil, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com o SEBRAE, de 1,8 milhão de empreendimentos abertos em 2014, perto de 600 mil, ou 33% do total, fecharam as portas até o fim de 2016. Só quem já passou por uma situação de falência, sabe as cicatrizes que ficam.


Sair do "buraco" é algo que só empreendedores ao estilo Rocky Ballboa conseguem, apanhar, apanhar e apanhar e ainda assim no final conseguir se reerguer, mesmo diante de tamanhos hematomas, costelas quebradas, sangue e visão turva é uma qualidade primordial ao aspirante a empresário.


O empreendedor é quele que foi treinado para apanhar, não tenha dúvida disso, novatos sem a devida veia empreendedora, correm no primeiro golpe, o empreendedor não, ele consegue aprender com as quedas, consegue apanhar e usar o golpe que levou como lição e se antecipar aos novos ataques, mas, não pense que tudo é uma romantização da história, como Rocky. Existe sofrimento, em alguns casos ansiedade elevada, depressão e pensamentos de se desistir, afinal quantas e quantas vezes Rocky Ballboa pensou em desistir?


Os motivadores dirão que o verdadeiro empreendedor nunca pensa em desistir, assim como os religiosos dizem que o pecado já existe no mero pensar. Bom, eu digo, "besteira, besteira e besteira", pois não ha FATO ou CONDUTA VOLUNTÁRIA no pensamento. No estudo do direito penal na faculdade, aprendemos que o crime é o FATO humano, é a CONDUTA humana voluntária produtora de um resultado. Sendo assim o empreendedor não sente vergonha em ter pensado em desistir, afinal, pensar não é FATO ou CONDUTA VOLUNTÁRIA, é apenas um pensamento, algo abstrato.


A matéria "No Pain, no Gain" da revista Pequenas Empresas Grandes Negócios (PEGN), edição de Fevereiro 2019 (nº 361), trás a história de Rogério Gabriel, fundador da MoveEdu, maior rede de ensino profissionalizante do mundo, que em 2002, quebrou e chegou a dever R$ 10 milhões, hoje sua empresa fatura R$ 600 milhões. No início da matéria, se enfatiza a noite em que Rogério sentou em frente a seu PC, decidido a preparar um currículo e envia-lo na tentativa de abandonar a vida de empreendedor, ou seja, naquele momento se enterraria seu sonho. "Vontade da e passa" diria meu Professor de direito penal Mario Sérgio de Oliveira (a quem tenho como um de meus referenciais), Rocky pensou várias e várias vezes em desistir e hoje é o astro deste post.


Mesmo aqueles que mantem suas empresas em pé, apanham constantemente da burocracia, custos elevadíssimos para se adaptar ao insano mundo tributário brasileiro, falta de mão de obra qualificada, carga tributária altíssima, falta de simplificação e favorecimento ao pequeno e médio empresário além é claro os golpes constantes de multas, ações trabalhistas, fiscalizações etc.


Mas afinal, por que digo que exitem tantas e tantas semelhanças entre o empreendedor brasileiro e Rocky Ballboa?


Vamos pela sequencia:


Em "Rocky - Um lutador (1976), Ballboa é inexperiente, mescla sua atividade de boxeador com a de cobrador de um agiota. Com o tempo tem a grande chance de enfrentar Apollo Creed, o campeão mundial, que teve a ideia de dar oportunidade a um desconhecido como uma ação publicitária. Rocky então decide treinar e treinar de modo intenso e constante, com a ideia apenas de terminar a luta sem sofrer um nocaute.


O empreendedor da mesma forma, inicialmente coloca suas ideias em prática enquanto ainda trabalha para uma empresa, não tem ainda a experiência para se aventurar no mercado, mas, por alguma questão (as vezes o desemprego) se vê na oportunidade de iniciar seu negócio, Apollo Creed sem dúvida é o estado, revestido de burocracia e tributos altíssimos para o pequeno empresário, além é claro da falta de crédito e a inexperiência ao lidar com as dificuldades. O empreendedor então decide "treinar e treinar de modo intenso e constante" com a ideia apenas de não quebrar com o tempo e conseguir o seu sustento e de sua família.



Rocky II - A revanche (1979)


Com toda a dificuldade do confronto com Apollo Creed, Rocky promete a sua esposa que vai desistir (primeiro pensamento de desistência), Apollo quer provar que a primeira luta foi acaso e oferece dinheiro a Rocky para uma revanche, como Ballboa esta sem recursos decide aceitar.


Aqui no caso do empreendedor, ele se vê em uma verdadeira selva, tentando sobreviver, sua família começa a ter dificuldades (afinal o início de qualquer empreendimento são só gastos) e o pressiona a desistir e voltar ao mercado de trabalho, por um tempo o mesmo pensa em desistir, mas movido por um ideal de vencer resolve estudar mais e mais e ter uma revanche com as dificuldades e barreiras que tentam derruba-lo. O mesmo começa a então a ver pequenos resultados e vislumbra sua empresa ganhando corpo.




Rocky III - O desafio Supremo (1982)


Rocky cai para Clubber Lang (Mr. T), um terrível adversário, ele então passa a ser treinado por Apollo Creed para a revanche, no inícío quando enfrentou Apollo, Rocky ainda não era profissional, mas agora, dez anos depois da vitória, Rocky já se achando consolidado no esporte é derrotado. O Experiente Apollo e a sua própria experiencia aliados a mais e mais treinamentos é o caminho que Ballboa resolve percorrer para a revanche.


O empreendedor, após achar que as coisas estavam no caminho certo, se vê diante de um adversário terrível com vários nomes, inadimplência, DAS, SPED, e-Social, GPS, falta de crédito, prazos inalcançáveis, Certificados, Certidões, IR, CSLL, PIS, COFINS, ISS, ICMS, IPI, impostos dobre a folha de pagamento etc. Com um adversário tão forte, por inúmeras vezes o empresário quebra (cai). No início o ele era apenas um novato, mas agora, anos depois ele se vê experiente mas falido, não ha tempo para desistir, ele tem uma família para sustentar e agora inúmeras contas a serem quitadas, ele então usa sua experiência a seu favor, tudo o que passou até aqui aliado a mais e mais treinos, serão seus "treinadores" em uma nova empreitada.



Rocky IV (1985)


Ballboa se vê diante de um adversário até então invencível, ele esta diante de um período conturbado pois seu grande amigo Apollo Creed foi morto por esse adversário tão terrível (Drago).


Podemos aqui ver pontos em que a história de Rocky IV se adapta perfeitamente ao empreendedor, a motivação de um acontecimento ruim, ou seja, a morte de Apollo foi a grande motivação de Rocky para enfrentar Drago em seu país (URSS), da mesma forma, as dificuldades, as vezes em que não deu certo e tudo o mais que tentou impedir o sucesso empresarial, deve ser o motivador para que o empresário tenha em suas veias o sangue de um verdadeiro lutador, que apanha sim, mas, que sabe se levantar e ganhar cada batalha, mesmo que com muita dificuldade.




Roccky V (1990)


Esse sem dúvida é o encerramento de uma era, Ballboa na luta anterior contra Drago acaba se machucando que o tira por um tempo das lutas, já consolidado e com dinheiro se vê traído por pessoas próximas, seu contador o rouba e ele se vê sem dinheiro, traições o fazem se ver frente a frente com seu pupilo


Confesso que Rocky V é o filme que me agradou menos, acredito que foi necessário situações fora dos ringues para dar enredo a este filme, mas sem dúvidas se existe algo na vida do empreendedor que ele deve saber lidar são as traições, saber identificar as "pessoas erradas" faz parte do caminho a ser trilhado e, não estou impondo essa situação a vida do empresário, apenas coloco em foco que as relações humanas por várias e várias vezes acabam por se tornar em conflitos. Mesmo aquela pessoa que se mais confia pode no final se tornar um adversário e, como Ballboa o empreendedor se vê disputando mercado com seu pupilo e/ou se deparando com roubos e golpes. Tudo é uma questão de se estar firme com toda a experiência adquirida ao longo da trajetória, para que, mesmo apanhando se ganhe, mesmo indo a nocaute se levante e faça a revanche necessária.


Como enfatizado no início deste post, a grande questão ao empreendedor brasileiro é "Não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e continuar. O quanto pode suportar e seguir em frente. É assim que se ganha. "


Existem ainda os filmes Rocky Ballboa (2006), Ceed - Nascido para lutar e Creed II, que mostram outra fase de Rocky, mas isso fica para um próximo post.



Um grande abraço, coragem e força...

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